sábado, 17 de janeiro de 2009

Bráulio, camisa 8 do Internacional, América, Botafogo e Coritiba.

América campeão da Taça Guanabara de 1974. Em pé: Mareco, Beto, Tereso, Rogério, Alex, Álvaro, Geraldo, Ivo e Orlando Lelé. Agachados: Flecha, Bráulio, Renato, Mauro, Luizinho Lemos, Edu e Gílson Nunes. ( Fonte: http://www.miltonneves.com.br )







O Inter em 1973 posando no estádio do Mineirão. Em pé vemos Pontes, Schneider, Cláudio, Figueroa, Tovar e Jorge Andrade; agachados estão Arlem, Bráulio, Manoel, Carpegiani e Djair (Fonte: http://www.miltonneves.com.br)


Em 1974 fui ao Maracanã assistir à final da Taça Guanabara, entre Fluminense e América. O Flu era o campeão carioca, já o América tinha um time recém montado pelo Danilo Alvim e não conquistava um título desde 1960. Todos acreditavam na vitória do Flu.

Em campo vimos Bráulio, um meia-direita com a camisa 8, que Horta tentara antes trazer para o Fluminense, jogar o fino da bola. Bráulio veio do Internacional de Porto Alegre, onde era considerado o craque do time: o Garoto de Ouro. Passes perfeitos, lançamentos precisos e um chute certeiro.

Como um jogador dessa estirpe, já ídolo no sul, chegou ao América, num time inteiramente novo? Bráulio foi envolvido numa controversa discussão entre futebol-força e futebol-arte no Inter. Alguns defendiam que o titular deveria ser Sergio Galocha, um meia de marcação e aplicação tática. Veríssimo, ilustre torcedor colorado explica: "a própria questão Galocha versus Garoto de Ouro ganhara conotações políticas no Inter, com a sugestão de que os Mandarins, esquerdistas, queriam valorizar o coletivo sobre o individual e por isso combatiam aquele que brilhava muito". Essa mesma discussão, anos adiante, permitiu ao mesmo Inter liberar Paulo César Carpeggiani para o Flamengo e substituí-lo por Caçapava.

E Bráulio foi parar no América! E justo contra o Flu numa final!!! Soube-se mais tarde que o Inter não queria vê-lo num rival do porte do Fluminense ou Flamengo, por isso, reduziu seu passe e pagou parte de seus salários para que fosse para o América. E Bráulio brilhou no América, sendo escolhido o Craque do Ano, Bola de Ouro, entre 1974 e 1977, foi convocado para a seleção, brilhou no Botafogo e no Coritiba, quando veio a jogar pela primeira vez contra o Inter, livre do acordo que o Colorado lhe impusera.

Em entrevista recente, Braulio responde a uma importante pergunta:
RE: Se você pudesse voltar no tempo teria se dedicado mais à marcação?
Bráulio: Não. Tanto que eu tive sucesso nos times que eu fui jogando do jeito que eu era. Imagina, tu pegar um Zico, um Rivelino, um Gérson, um Ademir da Guia, e fazer eles aprenderem a marcar. As características desses jogadores eram de construir, fazer com que o talento deles fosse para a equipe. No Internacional tinha Carbone e Tovar que marcavam, por que três volantes e o Bráulio ter que marcar? Eu dava aquela de mané, que nem o Carpegiani, que foi um extraordinário jogador de bola, mas não era um marcador. Então, o que acontecia com ele e comigo, é que nosso talento era admirável e os fundamentos que nós tínhamos como dominar bem, passar bem, cabecear, todos fundamentos nota 9, 10, então por que nós tínhamos que ter a marcação? Se eu jogasse hoje, não seria um jogador de marcação. Faria a posição do Kaká, do Ronaldinho Gaúcho, poderia me educar, conforme fosse o esquema, a fazer a marcação, mas não seria nunca um marcador.
(http://reporteresportivo.wordpress.com/atletas-do-passado/atletas-do-passado-braulio/)

Para terminar, o Flu perdeu para o América... e daí? O gol foi de Orlando, mas Bráulio jogou muito, naquele que é considerado até hoje o mais técnico time que o América teve: País, Orlando, Alex, Geraldo e Álvaro; Ivo e Bráulio; Flecha, Luisinho, Edu Coimbra e Gilson Nunes.--

Romay Garcia

sábado, 3 de janeiro de 2009

Mendonça, um camisa 8 de "Estrela Solitária"










O Botafogo Da década de 1970 no gramado do Maracanã. Acima estão Perivaldo, Zé Carlos, Luizinho, Rodrigues Neto, Renê e Osmar; agachados temos Gil, Mendonça, Nílson Dias, Bráulio e Paulo César Caju. (fonte: http://www.terceirotempo.com.br)





Um craque sem taças

"Mendonça está nas mentes de algumas das mais apaixonadas torcidas do futebol brasileiro por seu talento indiscutível e pelo futebol de classe, requintado, que remetia a grandes craques do passado. A história de um dos mais talentosos meio-campistas do futebol brasileiro na década de 1980 está definitivamente marcada nos corações de muitos botafoguenses, lusitanos, santistas e palmeirenses, mesmo que não tenha sido coroada com títulos.
O início da trajetória do então craque promissor se deu no dente-de-leite do Bangu, no início dos anos 70, incentivado pelo pai, também Mendonça, ex-jogador do clube. Ainda antes de começar a atuar profissionalmente, Mendonça teve uma passagem pela tradicional escolinha de futebol do Fluminense. Foi, então, para o Botafogo.
No clube de General Severiano, Mendonça acompanhou, mais como fã que como colega de trabalho, uma geração vitoriosa comandada por craques como Gérson e Jairzinho, ícones da campanha do tricampeonato mundial do Brasil em 1970. Em 1975, ganhou sua primeira chance de entrar em campo vestindo a camisa titular do Alvinegro, que já sentia os efeitos da natural decadência pós-anos dourados. Não perdeu mais a posição, pelos sete anos seguintes.
Até 1982, Mendonça comandava uma equipe órfã de uma geração vencedora e de outros grandes craques, e diretamente prejudicada por más administrações e pela fúria de uma torcida acostumada a títulos. Mendonça, única esperança de um Botafogo fraco, encantava com sua técnica ao mesmo tempo em que tinha de lidar com a responsabilidade de levar a equipe a conquistas. Não pôde fazer milagre e, apesar de atuações inesquecíveis, fracassou na tentativa de erguer algum caneco com o Fogão.
O momento em que Mendonça mais esteve perto de seu principal objetivo - e quase "carma", por conta da enorme pressão vinda das arquibancadas - foi em 26 de abril de 1981, no triangular final que decidiu o Campeonato Brasileiro. Em um jogo até hoje lembrado como um dos mais emocionantes que o Morumbi já viu, Mendonça não evitou a derrota, de virada, do Botafogo para o São Paulo, 3 a 2, resultado até hoje contestado pelos alvinegros, indignados com a arbitragem na ocasião. Grêmio e São Paulo foram para a finalíssima e o Tricolor gaúcho ficou com o título nacional. Mendonça sentia: era preciso respirar novos ares."
( Por Fábio Matos, especial para GE Net, em 10/06/2005 )



Mendonça, carioca do bairro de Bangu no rio de janeiro, assinou contrato profissional com o Botafogo em 1976 e vestiu a camisa 8 do clube da estrela solitária até 1981.
Embora tenha defendido o Botafogo num período de jejum de títulos, ele chegou ao status de ídolo pela grande identificação com o Alvinegro carioca.

Mendonça marcou 118 gols em 342 partidas disputadas com a camisa 8 do Botafogo.

Mendonça defendeu além do Botafogo, os seguintes clubes: Portuguesa (SP) , Palmeiras, Santos, a Internacional de Limeira (SP), o São Bento (SP) e ainda o Grêmio.

Vídeos:

Golaço de Mendonça contra o Flamengo.
Taça de Ouro , em 1981 – placar : Botafogo 3 x 1 Flamengo
http://www.youtube.com/watch?v=4FRiJ8oAM5k

Baú do Esporte – TV Globo:
http://br.youtube.com/watch?v=Cr_iWNKJEvc


"Baila comigo", drible histórico que o camisa 8 Mendonça aplicou no lateral Junior do Flamengo, em 1981:
http://br.youtube.com/watch?v=XmvMonvwBr0&feature=related