Há 10 anos, em 14 de junho de 2010, minha homenagem a Diego Armando M a r a d o n a. Contexto: Dois dias após o debut do selecionado argentino na Copa do Mundo da África do Sul.
A fabulosa pulga e o sábio bruxo, por um Deus em xeque!
Por Renato Zanata Arnos
Num mundo não muito distante geograficamente do nosso, mas isolado e rejeitado
culturalmente por ignorância de muitos daqui, um Deus não conseguia mais
interagir com a natureza sem ter suas ações questionadas.
Se naquele mundo havia sofrimento não era mais simplesmente porque ‘assim tinha que ser’.
Na dor por qualquer perda ou outra mazela cotidiana, o ônus da culpa passou a ser dividido com o criador. Por omissão ou exageros descabidos, aquele Deus perdeu a imunidade.
Para recuperar a integridade e a fé de todos em sua agora questionada onipresença, o soberano em xeque, sabiamente, para espanto de todos, escolheu uma pequenina pulga como mensageira de suas benesses. Porque não uma criatura grande e temida por todos, para mais rapidamente coagir os incrédulos e calar os seus desafetos? Diante do descrédito de proporções celestiais, encarnar o mais óbvio dos tiranos seria perpetuar o medo e não renovar a fé, o conforto e alegria que seus gestos outrora transmitiam através da beleza de suas criações.
A pulga escalada por Deus seria dotada de uma fantástica destreza e ao encantar o mundo, coberta de glórias, despertaria reações de todas as cores e credos.
Em mais uma habilidosa atitude diante de tamanha adversidade, aquela contestada divindade mostrou-se acima das falíveis e mesquinhas disputas de egos e conceitos. Nomeou um velho e até pouco tempo desacreditado bruxo como tutor da preciosa pulga, em sua missão de renovar a fé em um desacreditado Deus.
Aquele bom e velho bruxo que sabia bem o que era viver perseguido por olhares e preces desconfiadas reconstruiu sua reputação e revigorou sua magia. Passou a ser a referência terrena e o oráculo de exata sabedoria para, em nome de D10s, proteger a pequenina pulga, de fantásticas habilidades terrenas.