segunda-feira, 14 de março de 2016

Saiba mais sobre Matías Sosa, meia argentino que atua com excelência, no Sangue*


Por Renato Zanata Arnos

*Sangue – apelido do rubro, América Football Club, o Mecão, tradicional time do Rio de Janeiro.

Com o compatriota Fede Mancuello no consulado argentino situado na cidade do Rio de Janeiro.
Os dois se conhecem desde que compartilharam treinamentos nas seleções de base da Argentina. Mancu como jogador do selecionado olímpico e Matías como atleta da seleção Sub 17.
 

Conheço o talentoso Matías Sosa desde 2009. Me encantei com o futebol dele ao assistir, pela TV e internet, jogos da seleção argentina sub 17, tanto nos amistosos pré e pós certame sul-americano, como no mundial da categoria. Em outubro daquele mesmo ano, escrevi sobre este ótimo meio-campista criativo argentino, em meu primeiro blog sobre futebol, o “Bruxas & Leões de La Plata”. Blog dedicado exclusivamente ao Estudiantes de La Brujita Verón, que havia acabado de conquistar seu quarto título de Libertadores da América, em finalíssima contra o Cruzeiro de Belo Horizonte.

Entendo que o Matías Sosa tem juventude e talento de sobra para brilhar em qualquer grande clube do futebol brasileiro.
Na base Pincharrata. Foto - crédito: site Inferiores Platenses


 

Nello Matías Sosa, 24 anos (26/02/92), canhoto, 1.86mts, oriundo da cidade de Neuquén, capital de província homônima, norte da Patagônia argentina. Um típico meia armador (enganche), terminou sua formação de base na cantera do Estudiantes de La Plata, clube onde chegou com 14 anos de idade. Destacou-se nas seleções sub 15, sub 17 e, em 2008, Sosa foi eleito por especialistas em divisões de base dos clubes de La Plata (site inferiores platenses), como a revelação do ano.  Prêmio criado em 2005, tendo como primeiro agraciado, o meia-atacante Pablo Piatti, também um ex-pincharrata, que hoje milita no espanhol Valencia CF.

Colecionando vários elogios, inclusive de José Luís ‘Tata’ Brown, ex-zagueiro campeão do mundo em 86 e seu técnico na seleção sub 17 no mundial da Nigéria, em 2009, Sosa deveria se incorporar ao elenco profissional Pincha para pré-temporada 2010/2011, mas optou por precipitar sua saída do Leão de La Plata, no intuito de tentar a sorte na Espanha, seguindo orientações de seu agente, Alejandro Menotti, filho do ex-treinador Cesar Luís Menotti.

Com a camiseta do Real Sporting de Gijón - acervo particular do atleta

Sosa não se apresentou em City Bell, CT pincharrata, e partiu rumo à cobiçada Liga de Las Estrellas. Desembarcou no Real Sporting de Gijón B, mas não ficou.  No segundo semestre de 2010, a jovem promessa do futebol argentino se viu atuando pelo verdirrojo, Club Atlético Boston River, disputando a Segunda Divisão do Uruguai. Nas oito partidas em que atuou, colecionou boas atuações, dois gols, e a oportunidade de retornar ao futebol espanhol e ao Sporting de Gijón B, onde registrou 10 participações durante campanha na Segunda Divisão B, temporada 2010/2011.

CAMPEÃO NO URUGUAI


No Nacional de Montevideo, com Marcelo Gallardo, atual DT do River Plate argentino

 



Com o manto do Nacional de Montevideo, Sosa é o primeiro, da direita para a esquerda.

 

 

 

No segundo semestre de 2011, a melhor chance na carreira até então. Matías Sosa, com 19 anos recém completados, foi contratado pelo enorme Nacional de Montevideo, aprovado que foi pelo compatriota e treinador da equipe, Marcelo Gallardo. De saldo, o título de campeão uruguaio ao final daquele ano.


Sobre seu debut – empate em 3 a 3 com o River Plate charrua - o diário uruguaio El País reportou que Sosa havia sido o jogador mais lúcido do Nacional, sempre se apresentando para organizar tramas ofensivas, além de ter sido dele a melhor chance do gol do time de Gallardo, ao executor forte arremate que obrigou o arqueiro rival a ceder escanteio. Já o diário El Observador, estampou que Sosa mostrou ser um bom jogador de futebol vistoso, típico dos canhotos, e que realizara jogadas importantes para sua equipe.

 
Na vitoriosa campanha, Matías Sosa atuou em 6 (titular, em todas) das 15 partidas disputadas pelo Nacional, incluindo a vitória sobre o arquirrival Peñarol, na antepenúltima rodada.
Sosa integrou elenco que incluía o xará Matías Vecino, atualmente volante da italiana Fiorentina, Diego Placente, Tabaré Viudez e Álvaro Recoba, que foi suplente do argentino no início do certame, até que uma entorse no tornozelo direito, com apenas 18 minutos de bola rolando na peleja contra o Danúbio, jogo válido pela quinta rodada, impedisse que o enganche argentino participasse mais vezes da exitosa jornada.
RETORNO AO FUTEBOL ARGENTINO
Depois, entre 2012 e 2013, sem lograr continuidade, Sosa atuou seis meses no River Plate uruguaio, antes de retornar ao Nacional e ser novamente negociado. Em julho de 2013, de volta ao seu país para disputar a Primeira Divisão na temporada 2013/2014, Sosa, aos 21 anos, defendeu a camiseta vermelha e preta do Colón de Santa Fe, onde atuou com o também meio-campista, César Meli, atualmente no Boca Juniors, e Lucas Alario, atacante do River Plate.
Em fevereiro de 2014, Matías Sosa debutou no Colón de Santa Fe, após seis meses figurando no plantel do clube sabalero.
 
 
Club Cipolletti
Matías Sosa tem contrato com o Cipolletti até dezembro de 2016 e o clube alvinegro é dono de 30% de seu passe.
 

No início de 2015, Matías Sosa chegou ao Club Cipolletti, conhecido como “El Capatáz de la Patagonia” e “El Más Grande de la Patagonia”, situado na província de Río Negro, localizada ao sul da Argentina, norte da Patagonia.

O Cipolletti disputa o Torneo Federal A, uma terceira divisão organizada pelo Consejo Federal, órgão interno da AFA, que agrega clubes de ligas regionais, indiretamente filiados a instituição maior do futebol argentino.

Após um início de apuro físico, Sosa começou a se firmar entre os titulares, a se destacar, nos amistosos e nas partidas oficiais, como no clássico regional contra o Deportivo Roca (1x0), ganhando a admiração do técnico Ricardo Pancaldo, do capitão Valentín Perales, e o coração dos torcedores. Infelizmente, uma lesão o impediu de ser um protagonista constante dentro da equipe alvinegra. Entretanto, os dirigentes do Cipolletti, encantados com seu futebol, desejavam que o jogador permanecesse no clube por mais tempo.

NO BRASIL
“Se va la magia: Matías Sosa jugará en el fútbol brasileño”, estampou o site imcipolletti.com, em 15/12/2015.
 
Confira matéria do canal Fox Sports Brasil
 
Fotos do acervo particular de Matías Sosa


Matías Sosa atuou - e bem, com destaque - em 8 das 9 que o América FC disputou até o momento. Não jogou na primeira rodada, entrou no decorrer da segunda, derrota por 3 a 1 para o Vasco, e iniciou sua trajetória como titular do esquadrão rubro, a partir da terceira rodada. Vitória por 2 a 0 sobre o Resende. Na quinta rodada, quando o “Clássico Bisavô”, completou 111 anos de duelos, Matías Sosa marcou bonito gol, em cobrança de falta, contribuindo para a vitória do América sobre o Bangu, pelo placar de 3 a 2. Na sétima rodada, ótima assistência do argentino para o camisa 5 Muniz marcar o tento da vitória sobre a Lusa da Ilha do Governador. América, 1 a 0.

O Diabo da Campos Sales retornou à elite do futebol carioca em julho de 2015, após cinco anos fora da Primeira Divisão. E Matías Sosa chegou ao América carioca em dezembro, por empréstimo, até o final do campeonato estadual de 2016.
 
Rodada 3 do Cariocão 2016. América FC 2x0 Resende. Sosa foi titular pela primeira vez.
Foto: Acervo particular do argentino 

O qualificado meia armador argentino vem fazendo bom papel no time dirigido por Ricardo Cruz, ex-goleiro do próprio América, além de Botafogo, Fluminense, Ponte Preta e Olaria. Na partida deste sábado, 12 de março, Nello Sosa participou com uma assistência, do segundo gol do Mecão, que superou a Cabofriense por 2 a 1, em peleja válida pela Taça Rio.

 

 

No Rio de Janeiro, fora das 4 linhas, fortalecendo amizade com o rubro-negro Fede Mancuello. Foto do acervo particular de Luis Alberto Azerrad, acessor de Sosa no Brasil.

 


OBSERVAÇÕES TÁTICAS


Posicionamento e função que melhor pode render para o clube que contar com seus serviços?

Diz aí, Matías Sosa: “Centralizado, posicionado atrás dos atacantes, tendo constante contato com a pelota e como principal encarregado de dar assistências aos homens de frente”.

SELEÇÃO DE BASE



Sul-Americano Sub 17, disputado no Chile, em 2009. Na partida (vitória por 2 a 0 sobre o Uruguai) em que o selecionado albiceleste garantiu vaga para o mundial da Nigéria, essa foi a escalação bancada pelo técnico Tata Brown, a partir do 3-4-1-2:

  

Com a palavra, Daniel Henriquez, gerente de futebol do Nacional de Montevideo: “Joga muito bem, podendo atuar como enganche ou pelos lados, na direita ou na esquerda, e também chega na frente para concluir em gol. É um jogador polifuncional, ou seja, bastante completo”.

 



Flagrantes extraídos de uma peleja contra o Racing Club, em 2014. Escalado pelo técnico Diego Osella, posicionado a partir do centro da linha de três de um 4-2-3-1, sem a bola, Matías Sosa se adianta compondo dupla que dá o bote mais próximo do arco rival, quando o Colón se defendia através do 442.
 
 
 


América 3x2 Bangu. Na segunda etapa, Renato e Sosa inverteram de lado.


Sem a bola, flagramos um 4141, com Matías Sosa atuando a partir do lado esquerdo da segunda linha de 4 do Diabo da Campos Sales.


Confira o campinho tático e as imagens flagradas no decorrer do cotejo:







 

 


Algumas observações sobre a atuação do enganche argentino na vitória sobre o Bangu

Aos 05’, Sosa efetuou belo chute da meia-lua, obrigando o goleiro do Bangu a fazer uma difícil defesa, cedendo escanteio.

Com a bola, Sosa tinha liberdade para se movimentar dentro do campo contrário, geralmente recebendo passe de costas para os marcadores rivais. O VT nos permitiu flagra-lo fazendo recomposição pelo centro: o camisa 7 Darlan ocupou posicionamento de Sosa, e o argentino centralizou. Passamos a flagrar então, o 442 ou 4-1-4-Sosa, adiantado, sendo o camisa 8 do Sangue, como o americano mais próximo do arco adversário.

Um Matías Sosa muito isolado do setor de criação, mais perto do setor de conclusão. Desperdício. Exceção seja feita, por exemplo, aos 18 do segundo tempo, quando em contragolpe, Sosa se apresentou para receber passe na intermediária defensiva americana, e executou ótima bola esticada para o camiseta 11 Renato, na linha que divide o gramado.
Aos 04, etapa final, cobrando falta próxima ao bico esquerdo da grande área banguense, Matías Sosa meteu a pelota no canto esquerdo do time visitante. Belo gol! Tudo igual no placar, 1 a 1. Primeiro tento anotado por Sosa no Cariocão 2016.
Aos 37, brinde, pérola do argentino, que, com um passe de letra (e desequilibrado), da meia direita, acionou o zagueirão Fábio Brás, que da risca lateral esquerda da grande área rival, chutou forte, mas isolou a bola por cima do travessão.
Fluminense 1x0 América
Meia direita do ataque rubro, Matías Sosa com a bola, em peleja contra o tricolor das Laranjeiras.
Foto do acervo particular de Matías Sosa
 
Matías Sosa atuou pelo lado direito de uma segunda linha de quatro do 442 americano, foi o encarregado das bolas paradas do lado direito do ataque e escanteios pela esquerda.
Primeiro lance de perigo contra a meta tricolor saiu do pé esquerdo de Matías Sosa, em cobrança de falta pelo lado direito do ataque americano. Aos 14 da primeira etapa, cheia de veneno, a bola centrada pelo argentino encontrou a cabeça do camisa 3 Fábio Brás, que atrapalhado por Henrique, arrematou na rede, mas pelo lado de fora e direito do arco de Cavallieri.
Um minuto depois, outra vez Sosa, só que com a bola rolando. O argentino meteu ótimo passe longo e vertical (uma virtude desta cria Pincharrata) para Leandro Aguiar. O camisa 9 rubro foi derrubado por Henrique na risca da grande área, meia direita do ataque diabólico. E o próprio camisa 8 e gringo do Mecão se encarregou da cobrança. Batida rasteira, pensada, por baixo da barreira que pulava esperando uma cobrança por cima, mas a bola foi no meio de gol, nas mãos do arqueiro do Fluminense.
Juninho Pernambucano, comentarista da Rede Globo, comentou sobre a ousadia do argentino: “A barreira sobe, é muito difícil esse chute, eu nunca tive coragem quando jogava, de fazer. Mas ele bateu por baixo, sim, tentando surpreender”.  Uma cobrança à la Ronaldinho Gaúcho.
Aos 21, Sosa novamente. Bela trama do América pelo lado esquerdo da defesa tricolor, com triangulação que terminou nos pés do argentino dentro da grande área. Rápido, Sosa dominou e bateu forte, de canhota, no canto esquerdo de Cavallieri que, no susto, espalmou uma pelota que foi sair do lado direito de sua baliza.
 VÍDEOS
Lances de Matías Sosa na seleção argentina sub 17 e no Nacional de Montevideo, em 2011, quando participou da conquista do título no torneio Apertura uruguaio. O vídeo começa com o golaço de Sosa – camiseta 11 do selecionado albiceleste - o quinta da Argentina na goleada por 8 a 0 pra cima da Guatemala. Uma semana antes, em outro chocolate, quando a sub 17 da Argentina meteu 5 a 1 nos Estados Unidos, Sosa também anotou o dele (tento que não integra esta coletânea).

2016 – campeonato carioca - Matías Sosa atuando pelo América FC.
VT completo de América 3x2 Bangu (Sportv)

VT completo de Fluminense 1x0 América (Rede Globo)

No jogo mais recente de Matías Sosa, América FC 2x1 Cabofriense, match válido pelaTaça Rio, em 12/03/16, o centrocampista criativo argentino protagonizou tabela e assistência na construção do segundo gol do Sangue. Confira, entre 1:10 e 1:23:

Lesão e previsão de breve ausência

Fonte: Site oficial do América F.C

"O Matías Sosa foi submetido a uma artroscopia de menisco medial e lateral (joelho esquerdo). A operação foi um sucesso e agora temos que esperar a evolução dele. O tempo provável de recuperação é de quatro semanas. Nestes primeiros sete dias ele ficará de repouso, vai tirar os pontos. Na próxima semana ele já começa a fisioterapia", palavras do Dr. Álvaro Chaves, médico do América F.C. 

Dados da performance do argentino com a camiseta do Sangue, publicados no site do tradicional clube rubro, em 23/03/16: "Sosa é um dos destaques do Mecão no Estadual. O típico ´enganche` argentino de 24 anos participou de seis dos onze gols do America no torneio, distribuindo quatro assistências diretas, uma indireta - passe para um pênalti sofrido - e marcando um tento. O neuquino representou o Rubro em 8 dos 10 jogos do time no Campeonato Carioca, estando presente em quatro vitórias, um empate e três derrotas".

 




 
 

 

 
 
 




















 
 
 
 

 

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