Ontem, na derrota para o Avaí por 3 a 2, Caio Jr. optou por escalar Felipe Menezes e deixar Elkeson no banco de reservas. Ao meu ver a opção técnica e tática do treinador do Botafogo não funcionou na Ressacada.
Felipe Menezes é mais lento que o Elkeson, e ontem, não reeditou a sua boa atuação contra o Corinthians, ao não compensar esta diferença de dinâmica de jogo com relação ao camisa 9 alvinegro, com passes verticais produtivos*, como por exemplo, o volante Renato, que também não tem a velocidade como elemento de referência do seu futebol, mas sabe ler um jogo e organizar um time como poucos jogadores na sua função.
Felipe Menezes não se movimentou ofensivamente como o ex-titular Elkeson costuma fazer (e fez na segunda etapa) e não auxiliou na marcação no setor de meia cancha com a mesma agilidade e constância do ex rubro-negro baiano que começou a partida no banco de reservas, por opção do técnico Caio Jr.
Com Felipe Menezes em campo no primeiro tempo, o Botafogo foi mais 4-3-3 do que 4-2-3-1, pois o camisa 10 alvinegro não se aproximou ou sequer trocou de posicionamento com Herrera, com a mesma intensidade que o Elkeson costuma desempenhar, ou seja:
Com Herrera mais preso e isolado do lado direito do ataque alvinegro(Lucas pouco avançou no primeiro tempo tentando em vão, conter ataque do Avaí*), e Felipe Menezes pouco produtivo na armação de jogadas, e posicionado longe do Abreu e do sobrecarregado argentino, o camisa 10 acabou nem auxiliando o Renato na organização das tramas de ataque da equipe alvinegra, como também diminuiu o poder ofensivo do Botafogo, não possibilitando a formação de um dinâmico quarteto de frente, o que ocorre quando Elkeson está em campo, e atuando juntamente com Herrera, Maicosuel, e Loco Abreu. Mesmo com Elkeson não vivendo seu melhor momento técnico.
As palavras do zagueiro Antonio Carlos na saída para o vestiário durante o intervalo de jogo, quando o Botafogo perdia por 2 a 1, explicam bem o que faltou ao Felipe Menezes, e consequentemente ao time de General Severiano nos primeiros 45 minutos:
"O meia deles chega dentro da área.Essa é a diferença"
*passes verticais produtivos - O melhor momento de Felipe Menezes na partida foi o lançamento que o camisa 10 alvinegro realizou e encontrou a cabeça de Loco Abreu. Na conclusão da jogada, Herrera perdeu ótima oportunidade para o Botafogo no primeiro tempo de partida.
Confira abaixo alguns flagrantes táticos da atuação do meia Felipe Menezes e percebam o quanto ele atuou afastado do trio Maicosuel, Herrera e Abreu, e próximo aos volantes, Marcelo Mattos e Renato. Até aí nenhum problema. Apenas a constatação de uma variação tática no time de Caio Jr. que funcionou melhor contra o Corinthians. No entanto, ontem, esta variação tática não deu liga:
O desenho tático do primeiro tempo alvinegro ter sido mais 4-3-3 ou 4-4-2 (Maicosuel também recuava para tentar gerar tramas que o apagado Menezes não conseguia gerar) do que o 4-2-3-1 não foi o problema maior do Botafogo na derrota para o Avaí, mas sim a falta de criatividade do camisa 10 de Caio Jr. quando o time detinha a posse de bola e a sua pouca contribuição na marcação mesmo que ele tenha atuado próximo aos volantes e até mais recuado que um dos dois, como no flagrante tático 03(confira abaixo), quando podemos visualizar o Marcelo Matos à frente do Felipe Menezes, demonstrando que o meia até procurou jogo, mas definitivamente não estava em uma tarde inspirada. Felipe Menezes lembrou os momentos mais sonolentos do ex-camisa 10 alvinegro, Lúcio Flávio.
Flagrante tático 01
Flagrante tático 02
Flagrante tático 03
No flagrante tático destacado abaixo, em raro momento do 4-2-3-1, esta organização tática foi muito menos dinâmica ( sem a característica movimentação do quarteto de frente, com a posse de bola), e portanto, menos produtiva ofensivamente do que se a opção do técnico Caio Jr. fosse escalar de início, o meia Elkeson ao lado de Maicosuel, Abreu, e Herrera. Foi um 4-3-3 sem a inspiração devida do jogador (Menezes) escalado para fazer o time jogar, em parceria com o volante Renato.
No segundo tempo, Caio Jr. sacou o sobrecarregado Herrera que deveria ter tido o apoio ofensivo adequado do Felipe Menezes (aproximação ou passes longos) e colocou o camisa 9 Elkeson mais aberto pelo lado direito. Adiantou Renato para que o volante organizasse o time em um posicionamento mais adiantado, formando linha de 3 meias com Elkeson e Maicosuel. Ao lado de Marcelo Mattos, Leo, bom volante e ex-Santa Cruz, completou a formação de um 4-2-3-1 real, e ofensivo.
Renato não só gerou mais jogo e se aproximou mais do trio Maicosuel, Abreu e Elkson, do que o Felipe Menezes havia feito na primeira etapa, como também foi mais produtivo na marcação de meia cancha do que o camisa 10 de Caio Jr, quando era o time do Avaí que detinha a pelota.
Com a expulsão de Lucas (lateral do Botafogo se complicou na partida com investidas de Robinho e Cleverson pelo seu setor) o Avaí chegou ao gol da vitória em um rebote do goleiro Jefferson onde a bola sobrou para os donos da casa justamente no lado direito da grande área alvinegra, inferiorizada numericamente após a expulsão do seu camisa 2, como podemos observar nas dois flagrantes táticos abaixo:
Com base nas atuações irregulares de Felipe Menezes, acredito que o futebol apresentado pelo bom meia armador Renato Cajá, que retornou a Ponte Preta e arrebentou no dérbi campineiro realizado semana passada (confira aqui), anda fazendo falta ao Botafogo, pois o vejo como melhor opção técnica, e mais versátil taticamente que o atual camisa 10 do alvinegro carioca. Cajá é mais veloz, mais habilidoso e pode render melhor tanto por dentro do campo próximo aos volantes, como no 4-3-3, no 4-3-1-2, como também no 4-2-2-2 ou posicionado aberto a partir dos flancos, formando trio de meias, como por exemplo, dentro do 4-2-3-1. Justamente são estas duas últimas variantes táticas que este atual Botafogo não vem conseguindo aplicar com igual rendimento.
Vale lembrar que adotando o 4-2-3-1 escalado com o quarteto de frente formado por Elkeson, Maicosuel, Herrera e Loco Abreu, o Botafogo terminou a primeira metade do Brasileirão 2011 com um aproveitamento de 59,6% após uma boa vitória sobre o Fluminense pelo placar de 2 a 1, em partida válida pela 19ª rodada.
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